LGBTs e o sentimento de insuficiência
- João Brod - Psicólogo e Terapeuta Afirmativo
- 18 de jun. de 2023
- 2 min de leitura

Como psicólogo que atende em grande maioria pessoas da comunidade LGBT+, assim como na minha vida pessoal, algo que eu observo de comum em nossas vivências é um sentimento crônico de insuficiência. Parece que quanto mais realizamos e conquistamos na vida, nunca chegamos na “linha final”. Muitos foram os melhores na escola ou tentaram ser os “filhos perfeitos”, e ainda assim, nos sentimos da mesma forma. Para algumas pessoas, é como um vazio, um buraco que nunca é preenchido. As raízes desse sentimento de insuficiência podem vir de mil lugares, mas muitas vezes, começa lá na infância: Em termos heteronormativos, dificilmente fomos crianças “suficientes” aos olhos dos nossos cuidadores. Desde uma idade inicial, eles nos perceberam como diferentes - e nós também. Talvez, fomos aquele menino que não gostava de jogar futebol com os amiguinhos, ou a menina que era menos “mocinha”. De alguma forma, percebemos que havia “algo de errado” conosco. Algo que não era aceito ou desejável aos olhares externos. Na época, pelo medo da rejeição, criamos diversas estratégias para lidar com nosso “grande segredo”: Procuramos compensar. Buscamos essa aprovação de outras formas. Nos estudos, em ser “o bom menino” ou ocultar nossos trejeitos... E algo importante de dizer é que lá atrás, essa estratégia funciona, ao menos de forma temporária. Conseguimos (sobre)viver em um ambiente preconceituoso, mesmo que ao custo de nossas identidades. Indo para a idade adulta, acabamos por ser os melhores no trabalho, atraentes fisicamente, indo nos melhores lugares e sendo bem sucedidos, ou se sacrificando por outras pessoas. Mas a mesma angústia continua, mesmo que de outras formas. Na verdade, o que queremos por baixo de tudo isso é muitas vezes uma aceitação, pertencimento e amor. E apesar da validação externa não ser necessariamente ruim, a grande verdade é que só acharemos esses sentimentos internamente. Fazendo o que gostamos, lidando com nossas dores e reconhecendo nosso valor. Uma dica para esse caminho é sempre se questionar “o que queremos” ao realizar uma ação. Está alinhado com a pessoa que eu quero ser? É do meu melhor interesse? Estou fazendo isso para uma aprovação alheia? Como me sinto a longo prazo? É algo que eu possa mudar? Use essas perguntas no seu dia a dia, em cada decisão que precisar tomar. Através de passos pequenos, construímos Orgulho de quem somos. Lembre-se que você é merecedor de amor por ser quem é. Não há nada de errado com sua orientação sexual ou identidade de gênero. E se necessário, busque ajuda com um profissional Afirmativo da psicologia para trabalhar esses sentimentos internalizados. A função do psicólogo é te aproximar de sua autenticidade, e de uma vida que valha a pena viver.
Sempre sofri descriminação desde pequena, hoje em dia não consigo trabalho, moro em cidade pequena e nunca me dão oportunidade de mostrar que sou capaz, sou bartender, Body Piercer, social media, formada em administração e curso biomedicina, mesmo assim vivo desempregada, passo necessidades, sempre me acho inferior, vivo com um sentimento de falha e fracasso.